Levi foi o terceiro filho de Jacó e Lia (Gn 29:34) e sua tribo foi eleita por Deus para ocupar-se das questões de culto em Israel. Moisés e Arão eram da tribo de Levi (Ex 2:1, 4:14, 6:16-27). A tribo de Levi foi separada por Deus das outras e designada com as responsabilidades de conduzir os sacrifícios (Arão e seus filhos – Nm 3:10) e de desmanchar, transportar e erigir o tabernáculo, durante o tempo da peregrinação (Nm 1:47-54).
Os levitas foram dedicados a um ministério de auxílio aos sacerdotes (Nm 3:5ss). Cada levita substituía o primogênito de cada família das outras tribos de Israel, que Deus poupara por ocasião da primeira Páscoa, no Egito (Ex 13:2 e 13). Conforme Nm 3:40ss, face o número de primogênitos de Israel ter ultrapassado em 273 o número de levitas, de 22.000, foi estipulada por Deus uma taxa remidora de cinco ciclos por primogênito.
Cada uma das três famílias de Levi tinha deveres especiais. Os filhos de Coate (que em Nm 4:36 somavam 2.750 homens de idades entre 30 e 50 anos) estavam incumbidos de transportar os móveis, depois que os mesmos fossem cuidadosamente cobertos pelos sacerdotes. Os filhos deGérson (2.630, segundo Nm 4:40) cuidavam das cobertas, cortinas e véus. Os filhos de Merari (3.200, segundo Nm 4:4) tinham a tarefa de transportar e erguer a armação do tabernáculo e seu átrio. Esta divisão de tarefas está detalhada em Nm 3 e 4.
O serviço dos levitas começava quando atingiam a idade de vinte e cinco anos e continuava até os cinqüenta anos (Nm 8:24-26). Quando Davi estabeleceu um local permanente para a arca da aliança, a idade do serviço foi baixada para os vinte anos, visto não haver mais necessidade de levitas maduros como carregadores (I Cr 23:24).
Os levitas não possuíam herança na terra; nenhuma porção da Terra Prometida lhes coube por sorte para seu uso exclusivo (Nm 18:23, 24; Dt 12:12ss). Eles eram sustentados pelos dízimos do povo, enquanto que os sacerdotes recebiam as porções das ofertas não consumidas pelos sacrifícios, os primogênitos do rebanho bovino e ovino, e o dízimo levítico (Nm 18:2ss, Dt 18:1-4). Os levitas tinham permissão para residir em quarenta e oito cidades separadas para seu uso (Nm 35:1ss; Js 21:1ss). Cercando cada uma destas cidades era assinalada uma área de pastagem que estava reservada para os levitas (Lv 25:32-34). O livro de Deuteronômio dá grande ênfase na responsabilidade dos israelitas para com os filhos de Levi (12:12, 18 e 19; 14:28, 29).
A frase “os sacerdotes levitas” (Dt 17:9, 18; 18:1; 24:8; 27:9; Js 3:3; 8:33) lembra que, ainda que o ofício sacerdotal fosse desempenhado pela família de Arão, este era, antes de qualquer coisa, levita. A estes, a lei atribuía numerosos deveres em adição ao cuidado do santuário: servir como juízes (Dt 17:8 e 9); regular o controle dos leprosos (Dt 24:8); guardar o livro da lei (Dt 17:18).
Nos livros de Crônicas há diversos detalhes do ministério dos levitas (vide I Cr 6). Neste capítulo há um destaque para os cantores levíticos, Hemã, Asafe e Etã, bem como seus respectivos filhos, encarregados por Davi da música do templo (I Cr 6:31ss; 15:16ss). Há referências ao trabalho levítico também nos capítulos 9, 15, 23 de I Crônicas e em II Crônicas 5-8, 17, 24, 29 e 35. Encontramos relação entre o oficio levítico e o ofício profético. Jaaziel, um levita dos filhos de Asafe, profetizou a vitória de Josafá (2 Cr 20:14). Jedutum, o levita, é chamado de vidente do rei (2 Cr 35:15).
Os profetas maiores fazem algumas referências ao papel dos levitas. O profeta Isaías falou acerca de Deus reunir os israelitas dispersos (ou talvez gentios convertidos) para servi-lo na qualidade de sacerdotes e levitas: vem o dia em que ajuntarei todas as nações e línguas; e elas virão, e verão a minha glória. (...) E também deles tomarei alguns para sacerdotes e para levitas, diz o Senhor. (Is 66:18 e 21).
O profeta Jeremias descreve uma nova aliança que o Senhor fará, a partir de um “Renovo de justiça” que brotaria da descendência de Davi (Jer 33:16). No verso 18, o profeta acrescenta: “nem aos sacerdotes levíticos faltará varão diante de mim para oferecer holocaustos, e queimar ofertas de cereais e oferecer sacrifícios continuamente”.
O profeta Ezequiel descreve uma aguda separação entre os sacerdotes levíticos, a quem denomina filhos de Zadoque, e os levitas infiéis (Ez 40:46; 43:19). Os filhos de Zadoque são os sacerdotes levitas que permaneceram fiéis a Deus (Ez 44:15 e 48:11). Os levitas infiéis são denunciados como idólatras e, face sua infidelidade, não poderiam mais se aproximar do altar, nem manusear as coisas sagradas (Ez 44:10-14).
No livro de Esdras encontramos diversas referências aos levitas. Eles desempenharam uma parte proeminente no lançamento dos alicerces do novo templo (Ed 3:8ss) e quando da dedicação do mesmo (Ed 6:16ss). O mesmo Esdras prezou por coibir o casamento com estrangeiros, engano no qual sacerdotes e levitas também vinham incorrendo (Ed 9:1ss; 10:5ss).
Em Neemias encontramos os levitas envolvidos na reconstrução dos muros em Jerusalém (Ne 3:17) e, após seu término, na instrução da Lei ao povo (Ne 8:7-9), tendo uma participação preponderante na vida da nação (Ne 11:3ss, 12:27 ss). Este mesmo livro conta que durante a ausência de Neemias de Jerusalém, o ministério levítico sofreu acentuado declínio. Um certo Tobias, amonita, recebeu permissão para se instalar num dos aposentos do templo, reservado para guardar os dízimos dos levitas (Ne 13:4ss). Quando Neemias retornou, encontrou os levitas dispersos, longe do ofício para o qual eram separados (Ne 13:10ss).
O livro de Malaquias parece descrever exatamente este período de ausência de Neemias. O profeta denuncia o descaso com que os sacerdotes tratavam seu ofício e como colocavam seus interesses pessoais acima dos do Senhor dos Exércitos (Ml 2:4ss).
No Novo Testamento, Barnabé é mencionado como um levita (At 4:36).